Falta de vagas dificulta trabalho para recuperar usuários em Araraquara

A falta de vagas em comunidades terapêuticas é um dos grandes problemas na luta para recuperar dependentes químicos na cidade de Araraquara (SP). Nas cinco comunidades terapêuticas da cidade, as 148 vagas estão preenchidas. Para diminuir a fila de espera, o governo federal criou o programa “Crack, é possível vencer” que deve abrir 10 mil vagas gratuitas em todo o país para atender quem quer deixar o vício.

A mãe da adolescente de 13 anos espera há dois anos por uma vaga para internar a filha que luta contra a dependência química. “Particular eu não tenho condições. Eu queria uma gratuita pra poder internar ela, para ver ela melhor. É muito doloroso pra uma mãe ver sua filha jogando a vida dela fora e você não poder fazer nada”, desabafou a mulher que preferiu não ser identificada.

As instituições que vão receber o auxílio ainda não foram definidas. Para conseguir o benefício, a comunidade terapêutica tem que ser credenciada à Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas. Vários documentos serão analisados até janeiro.

“É comprovado que 80% dos tratamentos dos dependentes químicos estão nas mãos das comunidades terapêuticas. O que o governo federal está fazendo, de certa forma, é ratificando isso e dando condições para que elas possam trabalhar e atender com melhor qualidade essa demanda que a gente, infelizmente, sabe que é muito alta”, analisou o presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Araraquara (Comad), Márcio Servino.





Uma comunidade terapêutica da cidade espera receber o auxílio para mais 20 vagas. Hoje, 33 dependentes são atendidos no local, todos homens com idades entre 12 e 58 anos. O tratamento dura em média nove meses e o custo mensal de cada paciente é de R$ 1,5 mil.

“A gente funciona com doações e a família contribui com uma mensalidade, mas nem todos têm essa possibilidade, embora a gente batalhe e busque essas doações”, falou o coordenador terapêutico Marco Antônio dos Santos. Segundo ele, por semana até 15 dependentes procuram por ajuda, mas não ficam internados por falta de vaga.

Exemplo
Samuel Martins começou a fumar maconha e usou cocaína durante 14 anos. Chegou à comunidade depois de duas paradas cardíacas. Hoje, recuperado, trabalha como monitor e sabe o quanto faz diferença o tratamento. “A importância da comunidade terapêutica é que ela pode reabilitar a pessoa e devolver ela para a sociedade com um novo caráter, com uma nova perspectiva de vida”, afirmou Martins.

Inscrição
As comunidades terapêuticas têm até o dia 7 de janeiro para enviar os documentos e participar da triagem para o programa “Crack, é possível vencer”.

Fonte: G1





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