Salário 50 por cento menor explica falta de médicos na rede pública de Araraquara e região

Uma das explicações para a falta de médicos na rede pública de São Carlos e Araraquara (SP) é o valor dos salários pagos, cerca de 50% menores em relação aos da rede particular. A população que precisa de atendimento sofre com as filas e a falta de especialistas.

Um balanço da Secretaria de Saúde de São Carlos indica que faltam médicos tanto na rede básica quanto na emergência. São quatro médicos neurologistas, quatro psiquiatras, oito pediatras, oito ginecologistas e 15 médicos para urgência.

A explicação dada pelo secretário de Saúde, Marcus Vinícius Franzin Bizarro, é o pouco interesse dos profissionais pelos valores pagos. “A remuneração da classe médica no setor privado tem tido um aumento nos últimos anos que o setor público não conseguiu acompanhar”, afirmou.

Concursos foram feitos, mas mesmo assim a defasagem é grande. Hoje o médico ganha R$ 1,7 mil para 15 horas de trabalho. Com o plano de carreira, que pode entrar em vigor em 2013, o salário passaria para R$ 3,7 mil para 20 horas de trabalho.

Até lá, o secretário não descarta a espera em filas para consultas. Com relação às emergências, ele garantiu que é feito o possível. “Quando ela é encaminhada ao especialista, o caso dela é encaminhado para um setor de regulação e marcação de consultas com especialistas. Um médico avalia aquele caso e vê a gravidade daquela situação, orientando se a consulta pode esperar um dia, uma semana, um mês”, disse.





A família do auxiliar de manutenção Rosalvo Vieira da Silva, por exemplo, depende de médicos da rede pública. Segundo ele, nós últimos meses, houve grande dificuldade para consulta em algumas áreas. “Ortopedista, oftalmologista, clínico geral nos pronto-atendimentos e agora pediatra”, disse.

Sem interesse
A situação também é critica em Araraquara. A Prefeitura Municipal de Araraquara abriu concurso para contratar pediatras, mas o prazo se encerrou e nenhum profissional teve interesse nas vagas do setor de urgência e emergência.

Na semana passada, pais procuraram atendimento para crianças na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Central, mas houve demora de até três horas no atendimento.

O coordenador de administração da Secretaria de Saúde, Moacir de Freitas Júnior, disse que tem dificuldade em fechar a escala de plantão e, por isso, os atendimentos de pediatria estão concentrados em uma unidade na Via Expressa. “A gente está com dois pediatras durante o dia até 0h e um durante a madrugada. Na rede básica, o contingente que temos de pediatrias dá conta de atender as crianças do município. O nosso problema está localizado na emergência. A gente está com oito pediatras à disposição e precisaria ter mais cinco para fazer a escala de todas as UPAs”, afirmou.

Freitas Júnior disse ainda que há um concurso em andamento para a contratação de médicos, entre eles pediatras, e as inscrições vão até o próximo dia 27 de dezembro. A expectativa é de que eles comecem a trabalhar em janeiro.

Fonte: G1





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