Prazo para plano de combate ao crack chegar na região de Araraquara é indefinido

O plano de enfrentamento ao crack, lançado pelo governo federal nesta segunda-feira em todo o estado, ainda não tem prazo para chegar às cidades do interior. Segundo a professora Regina Beretta, assistente social de Araraquara escolhida para prestar consultoria nessa área na região, o prazo depende da estrutura das cidades e da preparação de cada lugar.

“Assim que o governador do estado assinar o termo e os prefeitos da região também aceitarem o plano de enfrentamento com certeza os investimentos chegarão. Precisamos de equipes altamente capacitadas em todas as políticas públicas e precisamos de programas especializados com ações e projetos voltados para essa área com esse novo olhar”, avalia.

Apesar de apoiar esse tipo de ajuda aos viciados, Beretta é contra as internações involuntárias. “Como assistente social, a gente respeita os direitos humanos e entende isso como uma violação. O dependente químico, mesmo em crise, há momentos de lucidez. Nesses momentos é preciso trabalhar o indivíduo e sua família para que ele entenda as consequências que a drogas traz para a sua vida pessoal e social”, diz.

Falta de vagas
A falta de vagas para a internação dos usuários de drogas ainda é um problema na região. Em Araraquara, o Hospital Caibar Schutel não pode mais receber pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O diretor do hospital, Nelson Fernandes Junior, conta que o setor de internação foi fechado no início do mês, depois de uma portaria do Ministério da Saúde.

“Houve uma mudança na política oficial para encaminhar o paciente dependente químico para o hospital geral. A partir daí, o financiamento para esse tipo de atendimento acaba sendo deslocado para essa área e a gente aqui, já com pouca condição financeira, acaba não tendo condição de manter o serviço”, diz Fernandes Junior.





Seis usuários de crack ainda estão internados, mas o hospital não aceita novos atendimentos. O local recebe pacientes apenas para as oficinas. A falta de recursos afetou o trabalho de recuperação dos viciados. “A tabela SUS é de R$ 49,70 e o custo por dia do atendimento é de R$ 120 por paciente”, explica o diretor.

Experiências compartilhadas
Outro serviço de apoio a dependentes químicos na cidade é o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD), que atende cerca de 100 pessoas por dia. Na terapia, os pacientes compartilham experiências e todos querem abandonar o vício.

Usuário de crack, um dos pacientes de 42 anos que prefere não se identificar, conta que já vê os resultados após nove meses de tratamento. “Eu consegui sair das ruas, tenho o meu lugar, pago aluguel, mas ainda não consegui largar o vício, é uma doença. Aos poucos eu chego lá, atingindo metas”, diz.

O Centro recebe verba da Prefeitura Municipal de Araraquara e do governo federal, ajuda que a médica Regina Cardoso considera insuficiente. “Sem contar com o prédio e os profissionais, um paciente que fica aqui em regime intensivo custa por volta de R$ 18 a R$ 20 por dia; o semi-intensivo, R$ 15, e o paciente que realiza apenas atividades, R$ 10”, explica.

Em média, de cada dez usuários que procuram ajuda no local, três conseguem largar o vício. Foi o que aconteceu a jovem de 24 anos que prefere não se identificar. Recuperada, ela deixou de usar crack. “Tudo mudou, nem se compara com a vida que eu tinha antes”, conta.

Fonte: G1





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